Estou cansada... estou cansada, é claro. Porque a certa altura ficamos cansadas. Sei bem porque é que estou cansada. Mas não me serve de nada sabê-lo porque o cansaço fica na mesma. O tamanho do cansaço parece não estar de acordo com a causa que o produz. Sim, estou cansada, e muito sorridente, de o cansaço ser disto.
Uma vontade de sono no corpo, um desejo de não pensar em nada e por cima de tudo uma transparência lúcida do entendimento retrospectivo... E a luxúria única de ter esperanças.
Tenho visto muito e entendido muito o que tenho visto, e há um certo prazer até no cansaço que isto me dá, afinal a cabeça sempre serve para alguma coisa.
Uma vontade de sono no corpo, um desejo de não pensar em nada e por cima de tudo uma transparência lúcida do entendimento retrospectivo... E a luxúria única de ter esperanças.
Tenho visto muito e entendido muito o que tenho visto, e há um certo prazer até no cansaço que isto me dá, afinal a cabeça sempre serve para alguma coisa.
Adaptado de Álvaro de Campos, in "Poemas"
Heterónimo de Fernando Pessoa
Heterónimo de Fernando Pessoa
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