26 de julho de 2012

O parto (o dia)

Então lá fiquei (na véspera) internada e ligada ao CTG, a controlar o batimento cardíaco do bebé. Foram horas com aquela máquina a fazer barulhos e "apitozinhos" aos meus ouvidos, parece que ainda consigo ouvir o "tim tim tim"... horrível! Nessa noite consegui dormir umas horas e ainda bem porque ainda não eram 8h e começarem a entrar e sair do quarto sem parar enfermeiros, auxiliares e o médico.
Lá me puseram aquelas coisas todas ligadas às veias para induzir o parto (julgo que com a tão famosa oxitocina). Continuei ligada ao CTG e lá para as 11h já sentia contracções com dor.  O médico foi-me lá ver às 12h e disse "ainda vai demorar". O enfermeiro às tantas vê-me aflita com as dores e diz "quando quiser epidural diga... não é para estar em sofrimento". Claro que eu maricas como sou disse que então queria já. Volta o médico e diz "não podemos dar epidural sem dilatação... vai ter que aguentar as dores". E lá fiquei eu até as 17h nesta história do "não há dilatação, não há epidural..., tens que aguentar!".

Entretanto, já na véspera quando falei com a minha enfermeira ao telefone e lhe disse que ia ficar internada blablabla, ela disse logo nas entrelinhas "não somos menos mães quando é uma cesariana...", e muitos outros enfermeiros que entravam no quarto para me observar diziam "isto se calhar tem de ser cesariana". Eu continuava na minha cabeça a não aceitar esta ideia e achava que a qualquer momento a coisa se dava muito naturalmente (depois de estar um dia inteiro com a oxitocina...), cada vez que o médico me vinha ver eu achava "isto vai ser já de repente de certeza".

Então às 17h o médico foi ao quarto conversar comigo e explicar que cada vez que eu sentia uma contracção o coração da Maria baixava o ritmo cardíaco para os 90 batimentos e que não podiam arriscar horas (até se dar a dilação completa). Com isto o que ele me queria dizer é que o melhor seria fazerem uma cesariana para a bebé não estar em sofrimento. Oh... eu tinha aquela ideia fixa na cabeça do parto normal, ninguém me convencia do contrário. Disse-lhe que não queria, ele lá se foi embora e disse que voltava às 18h.
E eu continuava a achar que às 18h já ia estar tudo bem... não percebo até agora porque é que não me preparei para a cesariana quando tudo me indicava que era isso que ia acontecer!

Lá voltou o médico às 18h com a mesma conversa dos batimentos... e eu lá voltei a dizer que esperava mais um bocado blablabla. Mas não tive hipótese ele pergunta logo ao pai "vai assistir?" e vai lá fora do quarto (provavelmente fazer sinal) e volta cheio de enfermeiros e auxiliares vestidos com aquelas batas verdes e toucas das operações! Eu continuava a dizer que não queria. Começam a levar-me e eu começo a chorar como se o mundo fosse acabar!
Ah! no meio disto tudo a enfermeira que me prestava auxilio e me confortava a dizer que ia ficar tudo bem, era a mesma com quem eu tinha gritado na véspera... que vergonha! (Acabei por lhe pedir desculpa por ter falado mal com ela...)

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