from Wood & Wool Stool
22 de dezembro de 2011
21 de dezembro de 2011
Não há quem me perceba
Não gosto nada de sentir que ninguém me compreende. Sinto um desespero quando me respondem: "Com o tempo isso passa..." ou "O corpo habitua-se...".
Daqui a quanto tempo é que passa? Ninguém sabe responder ao certo, só sabem dizer "ah... daqui a umas semanas, vais ver...". Mas quando? Quero saber quando! Quanto tempo mais tenho que ficar assim?
E quando é que o corpo se vai habituar? O que é que é preciso fazer para se habituar? Ninguém me sabe responder a isto. Quando lhes faço muitas perguntas acabam por responder "cada caso é um caso".
Aiiiiiiiii que nervos... "cada caso é um caso"... quero lá saber dos outros. Quero é saber de mim! Quando é que o meu corpo se habitua?
Sinto que sou bastante expressiva a falar, às vezes até acabo por exagerar nas descrições verbais para garantir que as pessoas me entendem, mas há momentos em que nem assim. Ou é a assertividade do meu discurso que se está a perder, ou então não compreendo o que se está a passar. Irrita-me quando minimizam o que digo sentir. Se digo é porque sinto, não preciso de inventar nada. Até acho que não sou a única a sentir-me assim!
Só ali é que estou bem, com o meu ♥
6 de dezembro de 2011
Estou cansada
Estou cansada... estou cansada, é claro. Porque a certa altura ficamos cansadas. Sei bem porque é que estou cansada. Mas não me serve de nada sabê-lo porque o cansaço fica na mesma. O tamanho do cansaço parece não estar de acordo com a causa que o produz. Sim, estou cansada, e muito sorridente, de o cansaço ser disto.
Uma vontade de sono no corpo, um desejo de não pensar em nada e por cima de tudo uma transparência lúcida do entendimento retrospectivo... E a luxúria única de ter esperanças.
Tenho visto muito e entendido muito o que tenho visto, e há um certo prazer até no cansaço que isto me dá, afinal a cabeça sempre serve para alguma coisa.
Uma vontade de sono no corpo, um desejo de não pensar em nada e por cima de tudo uma transparência lúcida do entendimento retrospectivo... E a luxúria única de ter esperanças.
Tenho visto muito e entendido muito o que tenho visto, e há um certo prazer até no cansaço que isto me dá, afinal a cabeça sempre serve para alguma coisa.
Adaptado de Álvaro de Campos, in "Poemas"
Heterónimo de Fernando Pessoa
Heterónimo de Fernando Pessoa
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